As crianças de escolas públicas e privadas que estudam com os livros didáticos/2016 do MEC para a primeira fase do Ensino Fundamental, são contempladas com o conteúdo que possibilita o reconhecimento do próprio corpo e dos corpos dos colegas.
Este exercício consiste em contornar o corpo do colega com um pincel ou lápis para que a forma seja registrada na lâmina de papel sobre a qual ele se deita. Meninos e meninas se revesam contornando corpos com braços e pernas entreabertas, do mesmo sexo e de sexo diferente.
Uma das justificativas pedagógicas é oferecer ao aluno noções de diferenças corporais, espaço, altura, lateralidade e proporcionalidade. Isto porque ele terá que montar, preencher, pintar, comparar, descrever e também diferenciar um desenho do outro.
Outra justificativa é desmistificar e naturalizar ainda na infância a aproximação, o toque e a percepção do corpo do outro, independente do sexo.
De acordo com teóricos que defendem práticas pedagógicas como essa, e também de acordo com a habitual linguagem eufemística deles, esse é o tipo de projeto que trabalha no aluno: a consciência corporal de si e do outro; valoriza a descoberta de emoções e de sensações; promove interação afetiva e social.
A dinâmica do exercício, que inclui o preparo e a manipulação dos materiais para a confecção do molde, é capaz de levar os alunos à espontaneidade e à descontração, diminuindo resistências e timidez. Em ambiente mais solto de aula, o aluno contorna com uma das mãos o corpo de colegas do mesmo sexo e do sexo oposto com mais liberdade e naturalidade do que em circunstância formal.
Orley José da Silva, é professor da Rede Municipal de Educação de Goiânia, da primeira fase do ensino fundamental, mestre em letras e linguística (UFG), mestrando em estudos teológicos (SPRBC) e doutorando em ciências da religião (PUC Goiás).
Obs.: Os livros abaixo não são os únicos do lote de livros didáticos/2016 que se dedicam a esse conteúdo.
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