Os livros didáticos do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD),
do Ministério da Educação (MEC), a cada nova edição, aprimoram as perspectivas
multiculturais e interculturais para a educação dos estudantes. Não somente o PNLD mas também materiais didáticos em forma de apostila produzidas por editoras consorciadas com as fundações e institutos educacionais para serem vendidos a estados e prefeituras.
Essa
tendência de alinhamento é reforçada por exigência da Agenda 2030 para o desenvolvimento
sustentável, da Unesco, de quem a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental é signatária:
Ao definir essas competências, a BNCC reconhece que a “educação deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a preservação da natureza”, mostrando-se também alinhada à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). (Brasil, BNCC, 1998, p. 8)
Homologada em dezembro de 2017 e vigorando desde janeiro de 2020, a BNCC é obrigatória aos currículos de todas as creches e escolas do país e
também dos cursos superiores de licenciatura para a formação dos professores.
Devido a inspiração política-ideológica com a Unesco, incorporada ao modelo de educação para o Século XXI da própria entidade, tende a contribuir para a formação do alunado nacional em consonância com os objetivos
culturais globalistas.
Multiculturalismo e interculturalismo são fenômenos sociais distintos. O primeiro, defende a coexistência de grupos culturais autônomos e diferentes no mesmo espaço, guiados pelo princípio do respeito e da tolerância. O segundo, postula uma ação dialógica entre as culturas, com assimilação de elementos culturais de uma pela outra. Uma busca constante pelo sincretismo e imbricação cultural, como alternativa para alcançar paz e harmonia social.
Neste sentido, o interculturalismo não oferece lugar para qualquer forma de determinismo ou exclusivismo cultural nem de fundamentalismos doutrinários de cunho filosófico, político ou religioso. Trata-se, portanto, de uma manifestação social para quem o o relativismo filosófico é levado ao extremo.
E é justamente a visão intercultural de mundo que sustenta a BNCC, visando a defesa dos fluxos e interações culturais, além da propagação de agendas que promovam identidades abertas e plurais:
A proposição do eixo Dimensão intercultural nasce da compreensão de que as culturas, especialmente na sociedade contemporânea, estão em contínuo processo de interação e (re)construção. Desse modo, diferentes grupos de pessoas, com interesses, agendas e repertórios linguísticos e culturais diversos, vivenciam, em seus contatos e fluxos interacionais, processos de constituição de identidades abertas e plurais. (Brasil, BNCC, 1998, p. 245)
Desta maneira, não deveria ser motivo de estranhamento a constatação de que o leme da educação brasileira tem empurrado o barco para valores éticos, morais e estéticos "progressistas" e globalistas, diferentes do esperado pela parte conservadora da sociedade. Parcela essa que advoga a valorização dos símbolos nacionais, a livre iniciativa e o livre mercado, além da ética, moral e expressão de fé religiosa.