segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Ideologia de Gênero e BNCC: uma abordagem em linguagem simples


Íntegra da mensagem de esclarecimento sobre Ideologia de Gênero e BNCC, proferida na Paróquia de São Nicolau, da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa Antioquina, em Goiânia. 





Goiânia, 04 de fevereiro de 2018


Apresentação
É com muita satisfação que atendo o convite do prof. Pedro Sérgio dos Santos e do Padre Rafael Javier Magul para ministrar esta palestra nesta Igreja Católica Apostólica Ortodoxa Antioquina, da Paróquia de São Nicolau, em Goiânia. O convite é para trazer aos irmãos uma definição de Ideologia de Gênero. Dada a exiguidade do tempo e a complexidade do assunto, abster-me-ei de mencionar as teorias fundantes e as subsequentes. Até mesmo pela natureza do evento, procurarei simplificar (e traduzir) a exposição dos termos para facilitar a compreensão por parte de todos.

O que é Ideologia de Gênero? 
O que se convencionou chamar de Ideologia de Gênero (IG) ou Estudos de Gênero é um conjunto de ideias acerca da identidade humana e pertencente ao campo das Ciências Humanas e Sociais. Essa corrente de pensamento acredita, ressalvadas as suas divergências, que os seres humanos não podem ser classificados por sexo (masculino e feminino) mas por gênero (performances infinitas).
Portanto, sexo não é sinônimo de gênero, mas categorias distintas. E uma categoria exclui a outra. Ambas, definem o ser humano de maneira diferente. O sexo é fixo e se divide em masculino e feminino. Ele diz respeito à realidade OBJETIVA (biológica, anatômica, hormonal, psíquica, cromossômica) do corpo humano. O gênero, ao contrário, é não fixo e multiforme. Ele é, portanto, variável, fluído e diz respeito à realidade SUBJETIVA (da imaginação) de cada pessoa, que seria abastecida (influenciada) por condicionantes processuais históricos, culturais e sociais.
E, na possibilidade aventada de as pessoas não serem sexuais, o uso linguístico dos dualismos e categorizações de sentido pertencentes ao sexo deverão ser abandonados: homem/mulher, masculino/feminino, macho/fêmea, menino/menina, ele/ela, senhor/senhora, etc. Durante o processo de abandono cultural da semântica sexual, é recomendado o uso de nomeações neutras ou indefinidas. O passo seguinte exigirá que os seres humanos reconheçam a si e aos outros, subjetivamente, no campo semântico do gênero, cuja lista passa de 100 diferentes performances.  
Os estudos de gênero, reafirmo, desnaturalizam o sexo (masculino/feminino, macho/fêmea) negando o seu determinismo biológico, genético e psicológico. Eles entendem, reforço, que a divisão sexual predominante na sociedade é tão somente resultado de uma longa construção histórica, moral, ética, cultural e social. Neste caso, se o sexo juntamente com seus valores e papeis são construídos histórica, social e culturalmente podem ser permanentemente desconstruídos, reconstruídos e remodelados.
E esses ideais sociais de mudança, especialmente no Ocidente (o alvo primeiro dessa ideologia), não acontecerão sem que haja uma transformação no modelo cultural sexual e familiar vigente. E a educação, especialmente de crianças, assume papel preponderante nesse processo.
 Para tanto, esse projeto de engenharia social entende que é necessário massificar a defesa das as identidades abertas (flexíveis, imbricadas, fluídas, líquidas ou vaporosas) e não as fixas ou determinadas. Defende também a liberdade do corpo humano de se definir e redefinir de acordo com as suas percepções, além de vivenciar a sexualidade de maneira ampla e diversa, sem se submeter à regramento ético ou moral. 
Para algumas correntes dessa ideologia, sobretudo aquelas que não abrem mão da dissolução do sexo, é inerente ao ideal de autonomia do corpo a liberdade de se relacionar sexualmente com pessoas de ambos os sexos, objetos e animais. Não havendo, portanto, barreira moral impeditiva para o incesto, pedofilia, zoofilia, necrofilia e dendrofilia. 
E é partindo desses pressupostos, como parte essencial do projeto de remodelação da sociedade a partir das identidades, que a IG atua para desconstruir a heteronormatividade. (Para melhor compreensão desse termo técnico, diga-se a normalidade de ser homem ou mulher e da união conjugal entre um homem e uma mulher.) 
No Brasil, a legalidade para o desmonte governamental das identidades e da estrutura familiar natural encontra-se no Decreto Presidencial nº 7037/2009 que instituiu o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), no eixo orientador III, diretriz 10, objetivo estratégico V, ação programática “d”, que estabelece a meta de: “reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, com base na desconstrução da normatividade.” (grifo meu)
Estes estudos ou ideologias foram desenvolvidos dentro do academicismo do Feminismo e do Movimento Gay norte americano e europeu e se espalhou para outras partes do mundo. Algumas universidades brasileiras, inclusive, ocupam hoje lugar de destaque na produção mundial de subjetividades relacionadas ao gênero. 
No princípio, especialmente o movimento feminista das primeiras fases, defendia a igualdade trabalhista entre homens e mulheres. Em seguida, abarcou também a defesa dos direitos civis dos gays. A partir da união das duas bandeiras, a pauta se ampliou politicamente.
Com o desenvolvimento das suas teorias sociológicas e dos objetivos políticos, o movimento unificado de mulheres e gays ganhou corpo como projeto cultural revolucionário para a sociedade. Projeto este em fase adiantada de implementação.
Cada vez mais a IG se isola na academia e no seu projeto revolucionário, distanciando-se das pessoas e dos problemas reais que se constituíram em sua pauta. Uma pauta falsa, unilateral, oportunista e contraditória. Isto porque a IG não acredita em identidades fixas. Sendo assim, logo, não haveria mulher, gay, lésbica ou transexual que ela diz representar.

Esta igreja é frequentada, majoritariamente, por cristãos de ascendência árabe.

Os Globalistas e a ONU bancam a Ideologia de Gênero.
A IG ganhou força depois que se incorporou aos interesses de reconfiguração populacional e civilizatório da ONU e do sistema globalista empresarial e financeiro. Com esses apoios financeiros e estratégicos, a IG tem podido se estabelecer nos sistemas educacionais e culturais. A partir deles, avança de maneira pulverizada para todos os setores da sociedade. 
O dinheiro gasto pelas universidades com Ideologia de Gênero
No caso brasileiro, embora encontre resistência no legislativo, a pauta de gênero se beneficia com o desvio de finalidade do judiciário que insiste em legislar.  Vale-se também da adoção pela justiça brasileira da nova interpretação anti-objetiva dos direitos humanos dada pela ONU. Com isto, essa ideologia força a produção de um consenso inexistente no país. 
Cooperam para esse projeto globalista parte da indústria cinematográfica, publicitária, cultural, televisiva, entretenimento, universidades (mesmo universidades cristãs católicas, evangélicas e ortodoxas, contraditoriamente, cooperam com essa ideologia), os governos e especialmente a ONU, através da UNESCO e do Banco Mundial. Com isto, avança para os currículos escolares de crianças e adolescentes (vide Base Nacional Comum Curricular e resoluções do Conselho Nacional de Educação/MEC), o judiciário e associações de classe (vide MP, TJ, OAB, conselhos de psicologia...)

Queridos irmãos, não é segredo nos textos acadêmicos dos Estudos de Gênero o esforço para rejeitar o modelo sexual e familiar predominante no Ocidente, forjado pelo judaísmo e pelo cristianismo. Condenam, especialmente, a família colocando-a como responsável pelos mais importantes desajustes, desigualdades e injustiças encontradas na sociedade. 
Isto posto, as intenções da IG são absolutamente declaradas e não cuidam da defesa dos direitos de minorias sexuais e de arranjos familiares, mas de uma luta pela eliminação dos elementos culturais essenciais do cristianismo na sociedade. Sem identidades fixas e sem família natural, não há Igreja. 




A Ideologia de Gênero no currículo escolar nacional (BNCC) das crianças e adolescentes 
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) determina o conteúdo e os valores a serem estudados pelos alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental (0 a 14 anos) em todas as creches e escolas do país, sejam elas públicas, conveniadas ou particulares, inclusive confessionais. Ela foi aprovada para ter validade de 10 anos pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), dia 15 de dezembro último e homologada pelo Ministro da Educação (MEC) cinco dias depois.
Um dos assuntos que mais inflamaram as discussões durante a sua construção, foi a presença ou não da IG. Muitos setores da sociedade, especialmente do conservadorismo cristão (católico e evangélico) se puseram contra. Destaca-se a atuação das frentes evangélica e católica. Pois bem. Na redação final do documento, em atendimento ao clamor popular, o MEC retirou todas as palavras e termos tidos comuns à IG. 
No entanto, esta ação não foi suficiente para neutralizar as teorias e os conceitos da IG que permaneceram intactos, graças ao uso dos recursos de uma sofisticada engenharia textual, linguística e discursiva. Simplificando, houve apenas a troca de seis por meia dúzia, não influenciando em nada no resultado final.
Como se não bastasse, meus irmãos, em 17 de janeiro, o Ministro da Educação homologou uma resolução do CNE que regulamenta o uso do “nome social” nas escolas. Uma medida que parece simples e sem maiores consequências, mão não o é. Isto porque não há como implementar o nome social nas escolas sem que haja uma ampla discussão das diversas correntes de gênero. 
MEC libera nome social até para crianças e adolescentes
Em vista do exposto, nossa luta como cristãos contra a força impositiva desta ideologia ficou ainda mais difícil com as recentes medidas do MEC e do CNE. Podemos dizer que a IG estará mais do que nunca no ambiente escolar desde as creches. Inclusive nas instituições confessionais. Esta afirmação se baseia na leitura fria e coerente dos dois documentos citados acima, com as mesmas interpretações dadas pelos Estudos de Gênero.
Que fique claro: posicionar-se contra o Gênero é lutar contra um modelo ideológico e político de intenções revolucionárias e civilizatórias. Sobretudo, em proteção à integridade da identidade de crianças e adolescentes. Não é, de maneira alguma, uma luta contra pessoas comuns que, pelo livre arbítrio, vivenciam experiências sexuais não convencionais.
A força da ideologia de gênero (que os próprios insistem em chamar de teorias e até estudos científicos, embora a sua cientificidade seja questionada) certamente avançará com a força de uma avalanche sobre a sociedade. 
Não obstante, oremos para que o Espírito Santo guarde pura e imaculada a noiva do Cordeiro, preservando íntegras as identidades das suas crianças e adolescentes, alvos especiais dessa ideologia. 
Que, conforme recomendação de Paulo, possamos caminhar firmes, constantes e abundantes na defesa dos interesses do Reino de Deus, nestes tempos difíceis.

Orley José da Silva, é professor em Goiânia, mestre em letras e linguística (UFG) e doutorando em ciências da religião (PUC Goiás). 



5 comentários:

  1. Mais uma vez muitíssimo obrigada por ser sal da terra e luz do mundo, professor Orley!

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  2. Excelente texto. Muito claro, objetivo e necessário. Professor Orley, muito obrigada, sou professora e acredito também que esse conteúdo ensinado nas escola trará, a médio prazo, uma geração desfavorecida de principios éticos e morais que são tao importantes para uma sociedade equilibrada.

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  3. Louvando a Deus e orando por sua vida, Professor Orley.

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  4. Excelente esclarecimento, seria importante que esse documento acompanhasse todas as pautas em combate a ID em todo seguimento e eventos social e didático como em palestras e seminários conservadores ou misto.

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