
Se a greve dos trabalhadores em educação do município de Goiânia é legal e a negociação com a prefeitura ainda não se deu, reunir-se em escola e cmei com diretores e representantes da Secretaria Municipal de Educação (SME) para quê???
Uma das situações mais desgastantes numa greve de trabalhadores em educação é lidar com a falta de conhecimento de muitos sobre seus direitos de greve. E isto é de se estranhar porque trata-se de uma categoria que bate no peito dizendo-se esclarecida acerca das coisas, formadora de opinião, crítica, formadora básica das outras profissões, que ninguém para para trás, etc.
Caso tivesse mesmo todas essas características, o empregador (no caso, a SME), não perderia tempo em exercer pressão sobre o grupo porque não seria ouvido(a). Vejam bem. Há entre nós quem acredite nas ameaças de punição feitas pelos agentes da prefeitura: burocratas da SME e diretores. Diga-se de passagem, que eles são colegas de profissão que aceitaram a função de hostilizar e massacrar seus pares.
Ameaças de retaliação para funcionário que participa de uma greve LEGAL?? Onde já se viu?! Mas isto é crime!!! É assédio moral!!! Nem as greves ilegais costumam gerar punição!!! Greve é direito do trabalhador, como último recurso para negociação.
Convocação para reunião em escola e cmei?! Mas e a assembleia da categoria, para que vale?
É justamente por saber que PARTE da categoria tem dificuldade para compreender esses pontos e são vulneráveis às pressões, que o empregador (no caso, a SME) se vale desses artifícios ILEGAIS.
Numa greve forte como esta, qualquer quantidade de trabalhador eles conseguirem fazer retornar aos seus postos, servirá para minar a legitimidade e o esforço de reivindicação da categoria.
Além da vontade política dos governantes, considero a omissão e o comodismo de alguns como os principais motivos para que nossa profissão seja uma das mais desvalorizadas socialmente. Haja vista a pouca atração, como profissão de futuro, que exerce sobre os jovens. Uma prova disto é que os cursos de licenciatura nas faculdades e universidades estão cada vez mais vazios.
Conta-se também a enorme evasão dos quadros efetivos das redes públicas municipais e estaduais. Este artigo não apresenta números, mas pela simples observação da rotina das escolas, é possível afirmar que um bom número de profissionais em educação desiste do concurso logo no início do contrato. Isto por causa do baixo salário e das condições de trabalho.
Os mesmos motivos têm levado profissionais mais antigos a buscarem outra profissão fora da educação. Dessa forma, participam de concurso público para outras áreas, retornam à universidade em cursos cujas profissões são mais valorizadas no mercado ou tentam trabalhar por conta própria. É cada vez mais comum professores, por exemplo, encontrarem colegas que agora exercem a profissão de feirante, confeccionista de roupas, camelô...
A categoria é composta por muitos membros. Milhares! Mas nem todos têm a mesma consciência do seu dever de lutar pela manutenção dos direitos antigos e a conquista de novos. Mais do que nunca é preciso haver a consciência de que o futuro da profissão, das condições de trabalho e da qualidade da educação das crianças, adolescentes e jovens depende, em grande parte da postura do grupo em momentos de decisão como este.
Orley José da Silva, é professor na RME de Goiânia e no Ensino Superior. É também mestre em letras e linguística (UFG) e mestrando em estudos teológicos (SPRBC).
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