Este livro compara os dois governos de Fernando Henrique Cardoso, com os dois de Lula e o primeiro de Dilma Rousseff. Sobre o primeiro mandato de FHC os autores dizem que "A economia se manteve estável. O programa de privatizações continuou de forma acelerada; entre as estatais vendidas incluíram-se empresas de telecomunicações, energia elétrica, mineração e setor financeiro."
No livro do professor há a seguinte recomendação de acréscimo: "Como exemplo de privatização, é possível citar a venda da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e a divisão do sistema Telebrás."
O livro elege e enumera outros pontos negativos desse governo além da venda de estatais: apagão de energia, aumento das dívidas interna e externa, crescimento do desemprego, desigualdade na distribuição de renda, corrupção no processo da reeleição e favorecimento aos grupos financeiros.
A mensagem que se pode inferir do texto é que o governo FHC, embora tenha conseguido manter a estabilidade econômica, dedicou-se a vender empresas estatais, aumentar o desemprego, acentuar a desigualdade social e privilegiar os bancos.
Ao falar dos governos Lula, o livro inicia assim: "Ele foi o primeiro presidente originário das camadas mais pobres da população." Em seguida, diz que o maior desafio dele foi combater a miséria e o desemprego. Para tanto, "buscou garantir à população mais carente direitos essenciais."
Além de oferecer "bolsas de estudo para jovens pobres em universidades particulares", o presidente Lula combateu a seca na região Nordeste e promoveu a integração nacional.
E no último parágrafo, afirma que "o governo Lula teve como principais marcas a retomada do crescimento do país, a redução da pobreza e da desigualdade social, a estabilidade econômica, o fortalecimento do país nas relações internacionais."
O livro do professor, como subsídio argumentativo sugere ao professor "comentar com os alunos que o Bolsa Família ajudou, de certa forma, na educação e na saúde das crianças, pois as famílias beneficiadas pelo programa eram obrigadas a manter os filhos na escola e levá-los aos postos de vacinação."
Não se percebe no texto a boa vontade em registrar pontos negativos dos governos Lula, a exemplo do mensalão, conforme se fez no relato dos governos FHC. Antes, os sublimou: "Alguns escândalos políticos prejudicaram a imagem do governo, no entanto os bons resultados obtidos possibilitaram que, em 2006, Lula fosse reeleito para seu segundo mandato."
Dilma, por sua vez, é apresentada como "a primeira mulher presidente do país." (com destaque em negrito pelo próprio livro, para marcar a importância do acontecimento)
Comparado aos governos Lula, o governo Dilma dá continuidade aos programas sociais como o Bolsa Família e ainda acrescenta outros; aumenta o nível de emprego e o valor do salário mínimo; diminui o desmatamento da Amazônia; reduz a pobreza, as desigualdades sociais e a mortalidade infantil.
Os autores isentam a presidente Dilma dos pontos negativos de seu governo, creditando-os às circunstâncias de percurso. A queda no crescimento do país, por exemplo, é em virtude da crise mundial e pela necessária demissão de ministros envolvidos em corrupção.
No livro do professor, há uma orientação para o professor "Comentar com os alunos que, o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em 2014 se conseguiu no Brasil a primeira geração de crianças sem fome, quebrando o ciclo de pobreza que há séculos domina a história do país."
A leitura cuidadosa das sínteses que caracterizam os três governantes mostra a tendência dos autores em escolher e interpretar aspectos políticos, sociais e econômicos desses períodos. Tanto as escolhas quanto a interpretação deles podem ser questionadas, com a suspeita, inclusive, de promover nos alunos a formação de opinião favorável aos presidentes Lula e Dilma e desfavorável a FHC.
Neste caso, especificamente, o direcionamento calculado da opinião de alunos do 5º ano do ensino fundamental, com 10 anos de idade.
Não se percebe, na construção discursiva dos textos, que o esforço seja pela busca do equilíbrio ou isonomia na exposição e análise dos procedimentos desses governos. Os próprios subsídios ao professor, reforçam esta suspeita.
A necessária busca pelo ideal de neutralidade e a justa apresentação dos fatos com suas diferentes interpretações é que possibilitam o surgimento de um aluno com autonomia de pensamento. Ensino tendencioso e militante, além de produzir símiles, violenta o direito de livre consciência do aluno.
Orley José da Silva, é professor em Goiânia, mestre em letras e linguística (UFG) e mestrando em estudos teológicos (SPRBC)
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Muito bom esse livro, só diz as verdades,todos governos tem o lado positivo e negativo
ResponderExcluirDoutrinação clara, qualidade crítica do texto baixíssima
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