segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Kit Gay voltou ampliado e agora está espalhado pelas páginas do livro didático






Edição 1992 de 8 a 14 de setembro de 2013
Euler de França Belém
Kit Gay volta ampliado às escolas
Orley José da Silva
Em abril de 2011, pressionada politicamente pelas bancadas católica, evangélica e da família, a Presidência da República vetou a  distribuição para as escolas do material de auxílio didático produzido pelo Programa Escola Sem Homofobia.

Apelidado de “kit gay”,  o estojo continha três vídeos e um guia para os professores,  com aplicação restrita aos alunos do ensino médio. Não foi difícil para o Ministério da Educação (MEC) atender ao pedido presidencial  porque se tratava de material complementar que não refletia  no conteúdo dos livros daquele ano.

A oposição ao Programa não se deu em função da temática em si e nem pela falta de reconhecimento da necessidade de enfrentar o problema, mas pela maneira equivocada de abordar o assunto. Na oportunidade, a Secretaria Geral da Presidência da República prometeu às representações políticas que, dali em diante, toda edição de material sobre “costumes” passaria antes pelo olhar da Presidência e por um amplo debate com a sociedade civil.

No início deste semestre, porém, chegaram às escolas de várias cidades do país amostras dos livros didáticos para 2014. A partir dos exemplares que vieram para as escolas da Rede Municipal de Educação de Goiânia, percebe-se que o MEC ousou novamente ao reeditar o antigo projeto, além de inserir nos mesmos o também delicado tema da chamada nova configuração familiar.

Como se isto não bastasse, ampliou o alcance deste doutrinamento para crianças a partir dos 8 anos de idade. Vale ressaltar que a mesma ordem presidencial não poderia ser cumprida facilmente com o material didático do próximo ano, porque ele foi cuidadosamente produzido para não sofrer alterações.

A precaução dos editores fez com que os temas homossexuais e da nova configuração familiar não mais se apresentassem separados do conjunto dos livros, mas se misturassem aos conteúdos de algumas disciplinas. Assim, a retirada destes temas polêmicos resultaria em prejuízo para uma parte considerável  de todo o material didático. Em vista disso, vale questionar se  a quebra da promessa presidencial de não promover “costumes”,  ainda mais na escola básica, sem que haja antes uma  ampla discussão com a sociedade civil organizada, foi por conta e risco do MEC ou teve o aval do Planalto.

Orley José da Silva, mestre em letras e linguística pela  Universidade Federal de Goiás (UFG), é professor na Rede Municipal  de Educação de Goiânia, mestre em letras e linguística (UFG)


Obs.: artigo originalmente publicado no Jornal Opção:












http://www.jornalopcao.com.br/colunas/imprensa/kit-gay-volta-ampliado-as-escolas

Um comentário:

  1. Oi !
    Acabei de conhecer o site.
    Parabens!
    Vou divulgar pra todos que conheço.
    Alias,gostaria de dar uma dica:
    o programa salto para o futuro da tv escola é um poço de bizarrices.
    Lá dá pra ver as ultimas bizarrices que estão querendo por nas escolas.
    Principalmente no mês de março pois tem o dia 21 contra a descriminação racial e adivinhe quem que eles convidam?
    Os negros racistas das ongs!

    ResponderExcluir

A quem interessa o desperdício público de livros didáticos?

Foto: Maria Machado/Arquivo Pessoal. (divulgação) Algumas redes públicas de ensino do país estão aderindo a uma espécie de terceirização bra...